quinta-feira, novembro 30, 2006

 

Espelho


Picasso

Espelho
Mário Quintana

Por acaso, surpreendo-me no espelho:
Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu?
Parece meu velho pai - que já morreu!
Nosso olhar duro interroga:
"O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste.
Lentamente, ruga a ruga... Que importa!
Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra,
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!
Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste..."

domingo, novembro 26, 2006

 

27 de novembro


27 de novembro

Pelo segundo ano vamos passar essa data sem a presença
da aniversariante, minha irmã. Como ela gostava de festas,
de pessoas, de movimento!A saudade continua forte apesar
da passagem do tempo.Esse dia será sempre um dia marcante
na minha vida.

segunda-feira, novembro 20, 2006

 

Reflexões sobre a morte


Reflexões sobre a morte recolhidas por Alcy Gigliotti

Omar Khayyam falou da morte com restrição até à vida:

Não temo a morte: prefiro
esse fato inelutável
ao outro que me foi imposto
no dia do meu nascimento.
Que é a vida?
Um bem que me confiaram
sem me consultar
e que restituirei
com indiferença

Goethe é menos incisivo:

A Morte é uma impossibilidade
que, de repente,
se torna realidade.

Há poetas, contudo, capazes de minimizar a crueza do tema.
Metastásio, por exemplo:

Não é verdade que a morte
é o pior de todos os males,
é um alívio dos mortais
que estão cansados de sofrer.

Há lindos poemas e sonetos sobre a morte. Alguns não estão inteiros. Cruz e Souza, por exemplo, que tanto cultuou a morte:

Fecha os olhos e morre calmamente!
Morre sereno do Dever cumprido!
Nem o mais leve, nem um só gemido
Traia, sequer, o teu Sentir latente.

Morre com a alma leal, clarividente,
Da Crença errando no Vergel florido
E o Pensamento pelos céus brandindo
Como um gládio soberbo e refulgente.

domingo, novembro 19, 2006

 

Soren Kierkegaard


 

Agradecimento ao blog Magia Gif's



Um muito obrigada ao Magi Gif's por ter colocado meu blog em destaque no seu lindo e conceituado blog.

Mariana


sábado, novembro 18, 2006

 

Murmúrio


Klimt

Murmúrio
Cecília Meireles

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!

segunda-feira, novembro 13, 2006

 

SAUDAÇÃO


quinta-feira, novembro 02, 2006

 

O Carnaval de Finados


O Carnaval de Finados
No México, o dia dos mortos não é de luto. Os entes queridos
são lembrados, em casa e nos cemitérios, com muita festa e música.
por: Ricardo Beliel

Na maioria dos lugares deste mundo, 2 de novembro é um dia de tristeza, de roupas pretas, de músicas dolentes. No Dia de Finados, igrejas dobram os sinos, os pais censuram os gritos e traquinices das crianças, os cemitérios enchem-se de parentes e amigos que vão dolorosa ou resignadamente chorar ou relembrar os entes queridos. Há um país, no entanto, em que a época de Finados não é tempo de luto. É o México, onde as famílias reverenciam seus mortos num ambiente de festa e alegria, tocando suas músicas preferidas e enchendo túmulos e altares caseiros com oferendas como tequila e as comidas que os defuntos mais gostavam. Nosso repórter conta como passou os Finados na região do Lago Pátzcuaro, no Estado de Michoacán, onde a festa atinge seu ponto máximo.
Como certamente a maioria dos brasileiros, nunca tive uma relação de muita intimidade com a morte. Assim, sempre passei ao largo da entrada de qualquer cemitério. .....Mas em terras mexicanas, tudo é diferente. Lá aprendemos a ver a morte com outros olhos e até a nos divertir com ela. A Noite dos Mortos é uma das mais tradicionais e alegres festas do México. Envolve todo o país, e não há mexicano que não dedique uma oferenda ou um trago de tequila a uma alma querida nessa primeira noite de novembro. Querendo entender os mistérios que movimentam multidões para esse carnaval fúnebre, chego a Tzintzuntzan, a grande capital dos índios purépchas no século 15, na região de Michoacán, em plena noite de 31 de outubro. Impressionado, imagino que inverteram o céu e a Terra. Tantas são as velas acesas, que parece ser muito mais do que todas as estrelas do universo. Cruzo o portal do antigo cemitério, decorado com flores amarelas e papéis de todas as cores, e me sinto como se estivesse sonhando. Por entre os túmulos, iluminados por essa constelação de velas, passam por mim correndo crianças vestidas de caveiras, enquanto velhas senhoras riem transbordando felicidade. Grupos de homens com sombreros brindam com estardalhaço suas garrafas de tequila. Ao lado, um jovem de bigodes fartos recita poesia em voz alta sem se importar com uma família concentrada em orações junto a uma grande imagem da Virgem de Guadalupe. Caminhar entre os túmulos é uma aventura. Cantando e chorando á minha frente, um senhor gordo escorrega e enterra metade do braço numa cova de terra fofa. Levanta-se, pede desculpas ao falecido, sorri para mim e segue em direção a um velho que toca guitarra. Passo por eles minutos depois e os encontro cantando e chorando num misto de saudade e alegria.
Parte da matéria publicada na edição #151 da revista Os Caminhos da Terra.


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