terça-feira, agosto 01, 2006

 

DESPEDIDA


DESPEDIDA
Silvia Schmidt


Estou saindo como sai o feto:
fora de tempo, mudo e abortado.
E só antevejo num caminho reto
o que me espera em tom silenciado.

Muda partida, o sangue quase frio.
O coração, aos poucos, quase inerte,
num repicar ausente e tão sombrio,
sofrendo as dores deste meu "perder-te".

Quisera ser tão alto quanto as rochas,
para encontrar alívio junto ao céu,
que eu só encontrava assim entre tuas coxas,
quando encobertas por um fino véu.

... Mas vejo apenas estas marcas roxas
que tu deixaste neste corpo meu.
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